Preciso trabalhar
Os textos didáticos me esperam
Tenho vontade de voar
Sair da terra
A velha raiva me cega
Forte
Dolorida
Decidida
Mexe com meu estômago
Sinto enjoo
Ânsia de vômito
Repulsa, ódio, rancor
Quero expulsar a dor
Passeio pela casa
O cheiro da carne putrefata
invade minhas narinas
São os velhos sentimentos
Rumino antigas emoções
A raiva me deixa sem ar
Não mudei
O amor é um estranho
desajeitado . Mexe. Provoca
Entro em processo obsessivo
Exaspero e desespero
Raivosa . Inquieta
Minha energia se esvai
O telefone toca
Não atendo
Alguém para chatear
Sugar meu sangue
rir da minha dor
Embrulhar minhas vísceras
Olho pela janela
Saio da terra
Preciso escrever
o que pulsa forte em mim
Quero sonhar
A raiva não deixa.
Comanda meus sentimentos
direciona meus pensamentos.
Sento e escrevo palavras
sem nexo.
Desconexas. Sem sentido,
como eu., embriagada de amor.
Surto em outra dimensão
Raiva. Ira. Olho no
dicionário.
Não encontro palavras
para descrever meu martírio
Fujo do que me envenena.
O amor. É forte.
Intenso. Causa dor. Furor.
Cospe fogo ! Vejo dragões !
Vou até a gaveta.
rasgo meus pensamentos
A raiva cega.
Sinto . Pulso . Sangro .
Gemo . Rosno enlouquecida .
Padecida .
Amortecida.
Quase falecida.
Deito no chão frio .
Preciso de outra sensação
que não seja o amor
Conheço o inferno
de perto . Continuo lúcida .
O teto volta a girar .
Olho pela janela.
Me perco no infinito vazio
Onde me encontro entorpecida.
Monstros e duendes me seduzem.
Riem de mim . Debocham.
Fecho os olhos. Entro em transe.
Vejo o inferno arder na minha pele
Deleto o sentimento
Volto a me encontrar
Inteira. Forte.
Sem sonhar
Drummond que me perdoe
Não consigo conjugar o
verbo AMAR